Apagão ao volante
"A ficha caiu quando sofri um acidente de carro. Estava virada, sem dormir, fazia quatro dias. Peguei o carro para ir comprar crack, mas não andei nem 100 metros e sofri um apagão. Dormi ao volante. Fiquei cinqüenta dias com os dois braços enfaixados e o rosto cheio de feridas por causa dos estilhaços do vidro. Já havia sido internada algumas vezes, mas sempre soube que voltaria à droga. Fazia meus pais pagar minhas dívidas dizendo que, do contrário, seria morta pelos traficantes. Em troca, eu ficava um tempo na clínica de recuperação. De uma delas, fugi pulando o portão. Com o acidente, percebi que tinha de me livrar daquilo. Agora estudo, luto para recuperar a guarda dos meus filhos e quero montar um grupo de apoio só para mulheres dependentes. Elas precisam perder o medo de procurar ajuda."M., 31 anos, estudante de psicologia de São Paulo, livre do crack desde 2005